O amor, num sentido amplo, é um forte sentimento de apego. O amor gera desejos positivos e construtivos capazes de nos levar a sacrifícios cotidianos que em condições normais só faríamos por nós mesmos.
As histórias de Tristão e Isolda e de Romeu e Julieta ilustram bem como o amor romântico é regido pela impossibilidade. Quanto mais obstáculos a transpor, mais apaixonado ele se torna. Entretanto, em um determinado momento, interesses econômicos introduziram esse tipo de amor no casamento, transformando toda a sua história. Até a Revolução Industrial, no final do século 18, as pessoas moravam mais no campo, junto a vários outros membros da família, o que fazia com que sentissem afetivamente amparadas. Os casamentos aconteciam por razões econômicas e políticas. Por isso é que duravam a vida toda. Não havendo romance nem expectativa de satisfação sexual, não havia decepções, e ninguém pensava em se separar. Mas as fábricas e os escritórios que surgiam foram atraindo os homens para trabalhar nos centros urbanos. Nasceu, então, a família nuclear - mãe, pai, filhos - , agora sozinhos na cidade. Para que o casal suportasse viver assim, longe daqueles com quem tinha laços afetivos, inaugurou-se o amor romântico no casamento. Atualmente existe uma campanha, incorporada por todos os meios de comunicação, que procura nos convencer de que só é possível ser feliz vivendo um romance, que traz a ilusão do amor verdadeiro. Tão grande quanto o desejo de vivê-lo. Por isso, poucos suportam ouvir que, apesar de toda a magia prometida, ele não passa de uma mentira. Sem contar que traz mais tristeza do que alegria, além de muito sofrimento. Desde que nascemos nos empurram o amor romântico goela abaixo, como se fosse um pacote econômico do governo. Não se discute, cumpre-se. Uma criança de um ano, por exemplo, já toma sua sopinha com a babá, assistindo à novela das sete. Na hora de dormir, a mãe conta a história de Branca de Neve ou Cinderela, e assim por diante. Todas as expectativas e idéias do amor romântico são passados como uma única forma de amor, e aprendemos a sonhar e a buscar um dia viver tal encantamento. Entretanto, são várias as mentiras que o amor romântico impõe para manter a fantasia do par amoroso idealizado, em que duas pessoas se completam, nada mais lhes faltando. Entre elas estão afirmações absurdas como:
-Só é possível amar uma pessoa de cada vez.
-O amado é a única fonte de interesse do outro.
-Qualquer atividade só tem graça se a pessoa amada estiver presente.
-Todos devem encontrar um dia a pessoa certa.
Como nenhuma delas corresponde à realidade, em pouco tempo de relação vêm a decepção e a frustração. No amor romântico idealizamos a pessoa amada e projetamos nela tudo que gostaríamos de ser ou como gostaríamos que ela fosse. Não nos relacionamos com a pessoa real, mas com a inventada. É claro que, na intimidade da convivência do dia-a-dia, para manter a idealização a conseqüência natural é o desencanto. É por isso que se faz tanta música de dor de amor. E, para completar, todo mundo adora.
Bibliografia: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/r/reginan01.htm
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(William Shakespeare, Romeu e Julieta - http://likecoraline.blogspot.com/2011/02/let-me-know-is-your-heart-still-beating.html ) |
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( TRISTÃO & ISOLDA - http://www.imagick.org.br/pagmag/pardal/mitotris.html) |
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( TRISTÃO & ISOLDA - http://www.imagick.org.br/pagmag/pardal/mitotris.html) |
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